terça-feira, 14 de maio de 2013

As pragas do mundo




Convivo com algumas pragas
Tão presentes
Que me sinto um prisioneiro
Pra qualquer lugar que eu vá
Sempre haverá
Um torcedor de futebol
Um ouvinte de forró
Uma garotinha
Novinha
Rebolando o traseiro
Ao som de axé music
                      hip hop americano
                      happy rock
Ou um membro da Igreja Universal
Pregando
O desapego material
Ou um africanista
Batendo tambor
Em um ritual primitivo
Ou pior
Um católico ignorante
Adorador de imagens
De joelho ralado
E terço na mão

Não há escapatória
Eles estão em toda parte
Nos banheiros das rodoviárias
             das praças
             dos aeroportos
No rádio
Na televisão
Demonstrando sua fé
Rebolando suas bundas
Fazendo gol de placa
Hipnotizando
A massa
Arrecadando o dinheiro alheio
Limpando nossas contas bancárias

E ninguém se importa
Se a garotinha anoréxica morreu
Tentando parecer a Beyoncé
Ninguém se importa
Se o bispo anda de carro importado
E os fiéis de carroça
Ninguém se importa
E muitos acham bonito
O garoto pobre que ganhou o mundo
Através da bola
E depois jogou a namorada
Para os cachorros

Ninguém se importa

Talvez eu
Que escrevo esse poema
Para depois ser jogado
Como herege
Na fogueira

Por mim
Que se foda
Você sabe muito bem
Que pediu por isso

Então não me culpe
Por jogar no ventilador
O produto
Da sua existência patética
Pois enquanto permaneço trancado
No meu quarto escuro
Você aproveita a vida
E comemora a vitória do seu time
E dança a dancinha do acasalamento
E dá seu dinheiro para o Bispo Macedo
E vê sua garotinha de dois aninhos
Balançar a fraudinha
Até o chão

Não me culpe
Por esse poema

Culpe a si mesmo.

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