sábado, 11 de maio de 2013

Quero ser uma roda



Quero ser Allen Ginsberg

e ler meus poemas em festivais de Rock,

onde a juventude do meu tempo se congregue

para louvar um deus de carne, ossos e versos;

e passar uma temporada reveladora em um manicômio

junto a um maluco dadaísta,

pois esse mundo de razão já não me serve;

e conhecer um grupo de escritores

interessados em uma literatura viva,

poesia de uma variação sem prestígio;

e ser processado pelo conteúdo indecente dos meus versos,

paradoxo do nosso tempo:

o mundo jaz em vulgaridade banalizada

que o sexo seja livre, que não deixe de ser sublime;

e viajar pelos continentes

em busca de novas alucinações,

elevações, versos libertários e libertinos

da maconha ao Santo Daime;

e escancarar esse imperialismo que destrói vilas;

esse consumismo holocáustico que carboniza ossos –

fornalha dos narizes de todo ser vivente, pensante, bípede e alienado.

Por tudo

quero ser Rimbaud, Ferllinghetti, Solomon,

Ana Cristina César., Roberto Piva, Rodrigo de Souza Leão

e acreditar que toda essa verborragia é um poema

e não um delírio pueril

de um homem inconformado

com essa vida de rotina aspartâmica.

Mas em verdade

Apenas experimento

um fluxo que não me pertence,

que vai na velocidade dos carros

que correm pelas avenidas brasileiras

e levam em suas rodas

um pouco de cada poeta inédito

ignorado

esquecido

sepultado.       

Por tudo

e muito mais:

Quero ser uma roda

e dar a volta

e nunca mais passar pelo mesmo lugar

e reinventar uma vida

que rode

sem parar.

Por: Rody Cáceres

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